quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Os objetos descartáveis

Condições econômicas e sociais precárias treinam homens e mulheres (ou os fazem aprender pelo caminho mais difícil) a perceber o mundo como um contêiner cheio de objetos descartáveis, objetos para uma só utilização; hermeticamente fechadas, e que jamais deverão ser abertas pelos usuários, nem consertadas quando quebram. Os mecânicos de automóveis de hoje não são treinados para consertar motores quebrados ou danificados, mas apenas para retirar e jogar fora as peças usadas ou defeituosas e substituí-las por outras novas e seladas, diretamente da prateleira. Eles não têm a menor idéia da estrutura interna das peças sobressalentes (uma expressão que diz tudo), do modo misterioso como funcionam; não consideram esse entendimento e a habilidade que o acompanha como sua responsabilidade ou como parte de seu campo de competência. Como na oficina mecânica, assim também na vida em geral: cada peça é sobressalente e substituível, e assim deve ser. Por que gastar tempo com consertos que consomem trabalho, se não e preciso mais que alguns momentos para jogar fora a peça danificada e colocar outra em seu lugar? (Zygmunt Bauman, Modernidade Líquida, p.186)

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