Pode-se sempre responder que não
há nada particularmente novo nessa situação: a vida de trabalho sempre foi
cheia de incertezas, desde tempos imemoriais. A incerteza de hoje, porém, é de
um tipo inteiramente novo. Os temíveis desastres que podem devastar nossa
sobrevivência e suas perspectivas não são do tipo que possa ser repelido ou
contra que se possa lutar unindo forças, permanecendo unidos e com medidas debatidas,
acordadas e postas em prática em conjunto. Os desastres mais terríveis acontecem
hoje aleatoriamente, escolhendo suas vítimas com a lógica mais bizarra ou sem
qualquer lógica, distribuindo seus golpes caprichosamente, de tal forma que não
há como prever quem será condenado e quem será salvo. A incerteza do presente é
uma poderosa força individualizadora. Ela divide em vez de unir, e como não há
maneira de dizer quem acordará no próximo dia em qual divisão, a idéia de
interesse comum fica cada vez mais nebulosa e perde todo valor prático. (Zygmunt Bauman, Modernidade Líquida, p. 170)
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